









A poda é essencial, dela dependem a qualidade da produção e a longevidade da videira.
Grandes vinhos nascem de vinhas com mais de vinte anos. Nosso objetivo é manter essas vinhas antigas em produção pelo maior tempo possível.
Mantemos o trabalho da terra de forma tradicional, mesmo usando tratores e equipamentos modernos.
Obter uvas maduras exige controle fitossanitário rigoroso, aliado a avanços nos últimos anos.
Removemos parte dos cachos para limitar a produção e concentrar a qualidade.
O sistema de espaldeira mantém as videiras organizadas, arejadas e bem expostas ao sol.
Monitoramos o amadurecimento até o ponto ideal de colheita, com apoio de análises em laboratório.
Utilizamos adubação orgânica e racional, respeitando o ciclo natural da videira.
A colheita é feita manualmente, cacho por cacho, para preservar a integridade das uvas.
A tradicional gerbaude celebra o encerramento da colheita.
A poda é uma das práticas mais antigas e fundamentais da viticultura, sendo determinante para o futuro de cada safra. Ao cortar e selecionar ramos específicos, o viticultor regula o equilíbrio entre crescimento vegetativo e produção de frutos. Isso significa que a planta concentra sua energia em menos cachos, resultando em uvas mais maduras e de melhor qualidade. Além disso, a poda permite que a luz solar e a circulação de ar alcancem melhor as folhas e os frutos, reduzindo o risco de doenças fúngicas. Outro aspecto importante é o controle do vigor da videira: sem a poda, a planta cresceria de forma desordenada, comprometendo tanto a saúde quanto a produtividade. Em regiões de altitude, como a Serra da Mantiqueira, a poda também é ajustada ao ciclo climático, respeitando as estações e favorecendo a maturação equilibrada. Ela garante não só uma safra saudável, mas também a longevidade das vinhas, que podem produzir por décadas. Cada corte carrega a responsabilidade de definir o estilo do vinho e sua expressão final no copo. É um ato técnico, mas também artístico, que une ciência e tradição em busca da excelência.
O plantio é o marco inicial de um vinhedo, mas o verdadeiro valor surge com o tempo. Vinhas jovens podem produzir uvas boas, mas são as vinhas antigas que carregam a profundidade e a complexidade necessárias para grandes vinhos. Isso acontece porque suas raízes se aprofundam no solo, explorando camadas ricas em minerais e estabelecendo um vínculo íntimo com o terroir. O resultado são uvas mais concentradas, equilibradas e cheias de caráter. Porém, manter vinhas antigas exige atenção especial: elas são mais frágeis e suscetíveis às condições climáticas, além de demandarem manejo constante. Apesar de sua menor produtividade, a qualidade alcançada compensa amplamente, pois gera vinhos mais sofisticados, com maior longevidade e identidade única. O cultivo de vinhas velhas é um compromisso de longo prazo, que reflete paciência, respeito pela natureza e dedicação à excelência. Cada safra se torna, assim, um retrato fiel da história da terra e do cuidado humano, transformando-se em vinhos memoráveis que atravessam gerações.
O preparo do solo é uma etapa silenciosa, mas vital para o sucesso de qualquer vinhedo. Arar significa revolver a terra, promovendo sua oxigenação, facilitando a infiltração da água e estimulando a atividade dos microrganismos que vivem no solo. Esses fatores criam um ambiente saudável para o crescimento das raízes, que precisam se expandir e absorver nutrientes de maneira eficiente. Embora hoje se utilize tratores e maquinário moderno para agilizar esse processo, a filosofia permanece ligada às práticas tradicionais, que respeitam o ritmo da natureza. Arar também contribui para o controle de ervas espontâneas, reduzindo a competição por recursos sem a necessidade de químicos excessivos. Esse equilíbrio entre tradição e tecnologia é essencial para manter a fertilidade natural e a sustentabilidade do vinhedo. É um trabalho invisível ao visitante, mas que garante a vitalidade da terra, a força das videiras e, consequentemente, a qualidade das uvas que darão origem a vinhos de caráter único.
A proteção das videiras é um dos maiores desafios e responsabilidades do viticultor. Uma planta saudável é condição indispensável para a produção de uvas de qualidade, e isso só é possível com um manejo fitossanitário cuidadoso. Com os avanços das últimas décadas, os produtos e métodos de proteção se tornaram mais eficientes e sustentáveis, reduzindo impactos ambientais e preservando a biodiversidade. A proteção abrange desde o controle de pragas e fungos até medidas contra intempéries, como chuvas excessivas, geadas e granizo. Cada intervenção busca manter o equilíbrio da planta, garantindo maturação uniforme e reduzindo a necessidade de defensivos. Essa etapa também é essencial para preservar a pureza das uvas, que chegam à vinificação mais saudáveis e concentradas. Proteger a videira não significa apenas defender a planta, mas garantir a consistência e a identidade dos vinhos ano após ano, mesmo diante das variações climáticas da Serra da Mantiqueira.
O desbaste é uma prática que pode parecer contraditória: retirar frutos para ganhar qualidade. Porém, essa decisão é estratégica e fundamental para a excelência do vinho. Ao eliminar parte dos cachos antes da maturação, a videira concentra sua energia nos frutos restantes, resultando em uvas mais ricas em açúcar, aroma e estrutura. Essa escolha não está ligada a limitações da planta, mas sim a uma opção consciente de priorizar qualidade em detrimento da quantidade. Em regiões como o Altiplano do Baú, a Vinícola Ferreira foi pioneira na adoção dessa prática, limitando a produção a 1,5 kg por planta. Essa medida garante homogeneidade na maturação, maior intensidade aromática e vinhos mais equilibrados. É um exemplo claro de que menos pode ser mais: menos frutos, mais concentração, mais identidade e maior capacidade de envelhecimento. O desbaste é, portanto, uma decisão de qualidade que se reflete diretamente na taça.
A condução em espaldeira é essencial para manter a ordem e a saúde do vinhedo. Sem esse sistema, os ramos cresceriam de forma descontrolada, formando um emaranhado difícil de manejar e prejudicial à planta. Com a espaldeira, os ramos são guiados em estruturas de sustentação que favorecem a circulação de ar e a entrada uniforme de luz solar, fatores indispensáveis para a fotossíntese e para a sanidade da videira. Além disso, a organização proporcionada pelo sistema facilita todas as práticas agrícolas, como poda, pulverização, desbaste e colheita. A exposição ideal dos cachos ao sol também contribui para a maturação equilibrada, permitindo que as uvas desenvolvam aromas mais intensos e concentração adequada de açúcares e taninos. A espaldeira é, portanto, um exemplo de como a técnica e o cuidado humano podem potencializar a expressão do terroir, garantindo vinhos mais consistentes, elegantes e fiéis à sua origem.
O processo de maturação é um dos momentos mais delicados e decisivos para a qualidade do vinho. Durante essa fase, ocorre a transformação das uvas: aumento dos açúcares, redução da acidez e desenvolvimento de compostos fenólicos, que influenciam diretamente na cor, aroma, sabor e estrutura do vinho. Monitorar esse processo exige atenção constante, observações de campo e análises laboratoriais que acompanham parâmetros químicos e sensoriais. A colheita só acontece quando se atinge o ponto ideal de equilíbrio, momento em que a fruta expressa todo seu potencial. Antecipar ou atrasar a colheita pode comprometer a harmonia do vinho, tornando-o desequilibrado. Por isso, o acompanhamento técnico é fundamental para transformar cada safra em uma expressão autêntica do terroir. A maturação é o auge do ciclo da videira: o instante em que a natureza entrega ao homem a matéria-prima que, com cuidado, se tornará vinho.
A fertilização é a base do equilíbrio entre solo, planta e fruto. Ao adubar de maneira orgânica e racional, buscamos não apenas nutrir a videira, mas também preservar a vitalidade do solo. Diferente de uma prática meramente corretiva, a adubação sustentável fortalece a microbiota do solo, melhora sua estrutura e promove o ciclo natural dos nutrientes. Esse cuidado garante que as plantas cresçam de forma equilibrada, com raízes fortes e frutos mais saudáveis. Ao respeitar o ciclo da videira, evitamos excessos que poderiam comprometer a qualidade das uvas e do vinho. Esse manejo se conecta diretamente ao conceito de terroir, pois solos vivos e equilibrados refletem a identidade única de cada região. A fertilização, portanto, vai além da técnica agrícola: é uma escolha consciente de respeito ao meio ambiente, sustentabilidade e compromisso com vinhos de caráter puro e autêntico.
A colheita é o ponto culminante de todo o ciclo do vinhedo. Depois de meses de cuidados, chega o momento de colher os frutos no auge de sua maturação. Na Vinícola Ferreira, esse processo é realizado manualmente, cacho por cacho, garantindo que apenas as uvas perfeitas cheguem à vinificação. Esse cuidado preserva a integridade do fruto, evita esmagamentos e fermentações indesejadas ainda no campo. Além disso, a seleção manual permite descartar uvas que não estejam no ponto ideal, elevando ainda mais o padrão de qualidade. Embora seja uma prática mais trabalhosa e custosa do que a mecanização, ela reflete um compromisso com a excelência. A colheita manual valoriza o trabalho humano, o olhar atento e a sensibilidade de quem reconhece, no detalhe, a diferença entre uma uva boa e uma extraordinária. Cada cacho colhido manualmente carrega em si a promessa de um vinho singular, fruto de dedicação e paixão.
A gerbaude é muito mais do que uma festa: é a celebração do ciclo do vinhedo e da comunhão entre homem, natureza e cultura. Após meses de trabalho árduo no campo, chega o momento de reunir a comunidade para brindar os frutos colhidos e agradecer à terra pela generosidade. Essa tradição, presente em diversas regiões vitivinícolas do mundo, simboliza o encerramento da colheita e o início de uma nova etapa: a transformação da uva em vinho. É um ritual de gratidão, mas também de esperança, já que cada safra traz consigo expectativas e sonhos renovados. Durante a gerbaude, compartilham-se histórias, alegrias e a certeza de que o vinho é mais do que uma bebida: é parte de uma herança cultural e de um modo de vida. Ao celebrar a vindima, celebramos também a continuidade da tradição, a identidade da região e a união das pessoas em torno do vinho.